Moramos em uma cidade onde tudo nos parece longe demais. Não só parece, de fato é. Para irmos a Porto Alegre, perdemos oito horas, se viajarmos de ônibus. Mas isso tem lá suas compensações, ao menos para mim, pois já que não consigo dormir durante uma viagem, vou olhando para o lado de fora e, muitas vezes, para cima. Quando o céu está limpo e sem nuvens, o que vejo são milhares de estrelas brilhando em sua glória milagrosa. Nesse momento penso que vivemos num Universo infinito e abundante. Já não são mais oito horas perdidas.
Enquanto a quantidade de recursos disponíveis em nossa casa, em nossa cidade, em nosso planeta é finita, assim como também é limitada a quantidade de matéria e de moléculas que formam a estrutura de nossa galáxia, o grande Universo, propriamente dito, não tem limites.
Nosso planeta é apenas uma mancha de poeira girando em torno de um sol ardente que possui em torno de si alguns outros planetas. Este sol, por sua vez, também gira ao redor de um grupo de mundos que giram em torno de uma massa ainda maior de poeira, partículas e matérias do espaço, que produz mais estrelas, planetas, sóis e matéria espacial. Quanto mais longe viajamos no espaço, maior é a quantidade de planetas girando, estrelas, etc. Cada vez que avançamos, cresce o número de elementos nessa massa espacial que gira, até que chegamos a um número absurdamente grande, inconcebível.
Se concentrarmos nossa atenção apenas neste mundo, em vez de no Universo como um todo, haverá uma tendência de pensarmos em termos finitos, tal qual uma criança que convive apenas com as pessoas da sua rua, sem nunca ter saído de lá, e que consegue ver somente o que está a sua volta. Quando seus pais a levam para passear além da vizinhança, ela começa a se dar conta que há mais coisas no seu pequeno mundo. Quanto mais caminhamos para além de nosso universo particular, mais conscientes nos tornamos de todas as outras coisas que existem lá fora.
Temos, ao longo de nossas vidas, inúmeras oportunidades de fazer outras descobertas. Há tantas coisas para observar e aprender que levaríamos uma vida inteira para que pudéssemos ver e entender apenas uma pequena parte.
Tudo isso que coloquei é para fazer com que você perceba que é possível querer mais e mais da vida. Mas como posso pensar em termos de infinito e abundante se há um limite da própria matéria que constitui o nosso mundo imediato? O fato é que a matéria está constantemente mudando de forma. A matéria que hoje compõe o chão, num determinado momento poderá ser aquela que constituirá uma maçã, que será consumida por um ser humano, um animal ou um inseto, e que a transformará mais uma vez. Ou talvez ela simplesmente caia da árvore e retorne ao chão, apenas para ressurgir na forma de alguma outra coisa útil. É um ciclo infinito, que tem existido ao longo do tempo neste mundo e em todo o Universo por dezenas de milhares de anos. A própria natureza produzirá mais e mais.
Querer mais é buscar o máximo em todas as áreas da nossa vida: fisicamente, emocionalmente, intelectualmente e espiritualmente. Isso se chama Harmonia. Se você consegue viver bem uma certa área e outra não, você não está vivendo em harmonia. Isso o afetará em algum momento.
Assim como em todo o ciclo, haverá aqui uma continuidade. Até a próxima.