"A mais bela experiência que podemos ter é a do mistério. É a emoção fundamental existente na origem da verdadeira arte e ciência. Aquele que não a conhece e não pode se maravilhar com ela está praticamente morto e seus olhos ofuscados." .................................Albert Einstein

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Ser Pai

 
Hoje, terça-feira 03 de agosto, dia escolhido por mim para escrever a coluna semanal, é também o dia do aniversário do meu filho caçula. Ontem ele chegou de viagem, pois havia ido visitar a irmã que resolveu voar para bem longe, deixando para trás e precocemente o pequeno ninho que ainda sente a sua falta. A cada novo dia, vou experimentando e tentando me acostumar com a ausência destes pequenos filhotes, e eles sempre serão pequenos por mais que cresçam. A outra filha, mais velha, já tem sua vidinha longe do pai, mas volta e meia aparece por aqui. Filhos... Alguém disse que nos pertencem? Tenho vivenciado momentos de forte reflexão e profunda avaliação, por vezes assistido reprises de alguns capítulos de um filme que não acabou, de um livro que comecei a escrever em 1984, quando fui pai pela primeira vez “nesta” vida. Algumas lágrimas insistem em rolar pelo rosto que muitas vezes sorriu ao ver coisas que para outras pessoas poderiam ser até banais, mas que ficaram gravadas na retina e na memória de quem curtiu o momento presente. Mas junto com as lágrimas da saudade, outras lágrimas marcam sua dolorosa presença. São as lágrimas do arrependimento por não ter feito mais, escutado mais, brincado mais, abraçado mais... Todos os abraços que poupei e que não dei em cada um dos meus filhos, talvez por julgar que não havia um motivo especial, hoje não me fariam a menor falta. Então, porque não o fiz? Deus, há uma forte dor dentro do corpo que abriga um espírito com paterna responsabilidade.

Com certeza, não faltará algum “entendido” no campo emocional para dizer: “Mas isso não é conversa de terapeuta.” E eu afirmo, com certeza não é. Trata-se de um desabafo de PAI. Não por acaso, lembrei agora de uma psicóloga que recebe do filho tapas no rosto e pontapés nas pernas. Lembrei, também, de um médico psiquiatra que prescreve antidepressivos e outras coisas – até aí nenhuma novidade, pois é só o que sabem fazer mesmo, mas para crianças também? “Não dá nada, faz parte”, como dizem. Jamais serão processados por tais atos. Existe um Conselho de medicina que irá protegê-los, além da cultura que aceita e aprova isso como absolutamente normal. Comprimidinhos da calma para problemas da alma. Bárbaro. No mínimo, irresponsabilidade de quem não é pai ou não ama seus próprios filhos. Bom, já deu para reparar que não sei ser diferente, pois a maioria das colunas que escrevo tem esta têmpera, de critica, repudiando aquilo que não serve para nós enquanto espíritos em caminhada. De um desabafo de pai ao repúdio de um terapeuta. Do individual e pessoal ao coletivo e profissional. Afinal, isso é o que? Murros em ponta de faca ou vazia e solitária missão? Diálogo ou monólogo interior?
Que todos os pais possam ter um verdadeiro e feliz DIA DOS PAIS. Abraços.