Foi um novo cliente, um jovem de 15 anos, com tantos e tantos questionamentos comuns à idade, que me levou a escrever a coluna de hoje. Gostaria muito que todos os jovens iguais a ele tivessem o discernimento necessário para perceber o quanto nós adultos, dentro da nossa incrível prepotência madura, nos deixamos levar pelo fato de hoje – já crescidos e “evoluídos”, pensarmos saber tudo.
Quero repetir aqui, para que fique registrado também em papel, pouco do tanto que lhe falei na tarde de terça-feira. “Teu caso não é diferente dos tantos casos que há por aí. Eu próprio, com a idade que hoje tens ... (pausa) esquece, meu amigo, eu cresci e já não me recordo mais de como lidei com tantos sentimentos. Entende o que é ser adulto?”
Hoje, já quase com 45 anos, percebo o quanto nós pais falhamos nesta nossa missão terrena. Não fosse por um “diálogo interior”, certamente eu me incluiria nas fileiras que serpenteiam mundo a fora, repletas de adultos “donos de si”, que pelo tom alto de voz, impõem sua cega e violenta arrogância, e mais contraditórios ainda se revelam ao dizer que também já foram adolescentes. Sim, é verdade, foram, mas a herança que perambula pelas ruas nos mostra claramente o quanto deixamos para trás o nosso EU CRIANÇA.
Engraçado que, para piorar tudo isso, ainda há a turma que insiste em tratar essas questões com anti-depressivos ou calmantes. Por favor, respeitem a integridade espiritual destes que poderiam ser seus próprios filhos. Mas até nesta circunstância eu já vi pais errando e errando cada vez mais, jurando estarem corretos. É o tal do “eu sei mais”, não é?
Muitas vezes quem precisa de ajuda são os próprios pais que, tendo algum controle sobre seus “fantasmas do passado”, impedem, de algum modo, que isso se manifeste livremente no momento atual de suas vidas, porém, esquecem que no canto da sala, jogando vídeo-game ou fazendo alguma coisa qualquer, está alguém com tantas dúvidas quantos espinhas, “prato predileto” das formas-pensamento do adulto pai ou mãe que, pelo desdobramento de personalidade de um destes ou de ambos, acabam vitimando o próprio filho, que pela pouca idade, possui um grau maior de sensibilidade. (continua)
É sempre um ato de profunda fé, coragem e desprendimento estar aqui, desafiando você a ver outras coisas, ampliando um pouco sua percepção.