"A mais bela experiência que podemos ter é a do mistério. É a emoção fundamental existente na origem da verdadeira arte e ciência. Aquele que não a conhece e não pode se maravilhar com ela está praticamente morto e seus olhos ofuscados." .................................Albert Einstein

domingo, 23 de outubro de 2011

O que é isso!

Esta é a primeira vez que faço algum comentário um pouco fora do perfil da coluna e, apesar de parecer negativo com este texto – o que não é verdade, não há como esconder o sol em marte que confere aos arianos um forte senso crítico. Mas o ano “novo” que está entrando é outro; diferente e novo, ao menos nos algarismos e, para acinzentar um pouco as nossas mais otimistas expectativas em relação aos próximos doze meses, o primeiro deles já entra “arrasando”.
Manchetes ruins, típicas daqueles lugares onde há muitos habitantes, portanto um maior caos humano, hoje ilustram as páginas locais. Desarmonia e descaso aumentam a cada dia, problemas que ninguém quer enxergar, mas que estão presentes em muitos lugares.
Engenheiros e suas maquetes explicando o óbvio, algo que já aconteceu antes (em menor proporção) e em outros países, também. Pela televisão tomamos conhecimento dos fatos tristes que estão acontecendo lá no Rio. Culpa da natureza? Só se for da natureza humana. É o retrato do estado que virou as costas para seus relevos, elegendo outras prioridades. Coisas do país do samba e do futebol.
Não é sobre a catástrofe de lá que quero escrever, mas sim pelas tantas coisas que vamos ter que ler, ver ou “aturar”, aqui ou em qualquer lugar. Então resolvi abrir esta manhã de terça-feira expondo uma pequena parte daquilo que observo e penso. A conclusão não poderia ser pior. O que observo é que ninguém mais parece estar preocupado em se dar ao trabalho de parar e refletir para então passar a agir de uma forma mais coerente e acertada consigo mesmo e com os outros. Esta “manhã livre” que me possibilita uma pausa para poder escrever é testemunha daquilo que é pensado e observado. Isso tudo é “muito químico”. Confuso? Eu diria proposital, até porque é mais fácil dizer “não entendi”. Infinitamente mais fácil.
Desde que nos percebemos gente – e para mim o termo ‘gente’ ainda está um degrau acima daquilo que pensamos ser, deparamo-nos com momentos de fuga. Fugir para o escritório da família, para o colo da mãe, para os braços da avó, para trás da cadeira do pai, para dentro das garagens ou das cavernas, tanto faz... Fugir parece ser a primeira e única coisa que passa pela mente de um covarde, e covardia não é mérito apenas de quem bebeu. Aos tantos que diariamente atropelam ou esquartejam corpos, tranquilizem-se senhoras e senhores, caso a consciência permita, pois nossas leis (inclua aí nosso código penal) com suas várias “janelinhas” – diga-se de passagem, muito bem percebidas e melhor ainda aproveitadas pelos nossos irmãos operários do “direito”, lhes tem sido favorável.
De tudo aquilo que eu gostaria de dizer e que tantas vezes calei, quer pela pequenez da voz, quer por uma momentânea pobreza de espírito traduzida em falta de vontade, lembro apenas que velhas manias continuam vivas e fortes e, quanto mais velhas mais porcas se fazem, indo na contramão do destino de tantos que no asfalto ou nos hospitais deixam seus corpos como sinônimos quase que desfocados de inúteis advertências. Quanto mais será preciso para percebermos o real valor que tem estas chances de estarmos aqui cumprindo nossas missões? Enquanto isso outras vidas...
E assim somos nós (é o que tenho dito em várias colunas), espíritos pobres sempre em fuga, culpando os outros e a tudo pelo nosso mau humor, por nossos insucessos e até mesmo pela nossa incapacidade de evoluir, de ir em frente com passos certos, mesmo que lentos. Deixamos que o ego e a prepotência assumam o volante de nossas carentes vidas que chegam a ser comparáveis as dos etíopes que, embora agachados ou rastejantes, sabem o que procurar no chão para comer. E nós? Tão erguidos, auto-suficientes e de solene e arrogante postura, sequer sabemos ao certo onde estão os frutos que devemos colher para alimentar esta nossa curta passagem por aqui.
E antes que alguém me aponte algum dedo, eu próprio me sinto envergonhado por tantos e por tanta coisa que aqui se faz, pois quando não sou eu a insistir ignorantemente nos velhos erros é um irmão meu de clube, de confraria, de cela, de barco, de trem, de carro, de moto ou de caminhada.