Acontece com muita frequência entre os seres em evolução. É o momento de reduzir a marcha, firmar as mãos ao volante da vida (ao menos nos trechos em que a vida depende quase que unicamente dos atos de quem a abriga), sabendo que todas aquelas turbulências que acontecem aqui ou lá não sei aonde e na casa do vizinho também, podem afetar a minha vida, que é super bem guardada e bem resolvida. “Eu me resolvo”, diz uma amiga minha, diante de um dos tantos momentos desagradáveis que testam nossa capacidade de enfrentar as mazelas diárias que nós mesmos criamos (ou permitimos que a situação se forme), alimentamos e educamos ao nosso modo, segundo nosso jeito “burrinho” de olhar a vida como pensamos que ela seja e não como oportunidade de fazer algo diferente, novo, bom e permanente pela alma, que é a essência imortal de todos os seres.
Pensamos (quando estamos dispostos a tal) que corpo e espírito são separados e independentes, e assim conduzimos apenas um – o corpo, achando que do outro Deus cuidará sozinho. Pensando assim é que acabamos descuidando de tudo: corpo, alma e Deus. Tão difícil foi nascer, se criar e chegar até aqui onde tudo parece tão material e sólido. Tão fácil foi esquecer que somos filhos, seres espirituais com missões na terra e que trazemos na alma uma mala e tanto de coisas vivenciadas em outras vidas, além de um rol de afazeres. Tudo em nome do progresso do invisível, afinal de contas, como diz aquele pitoresco apresentador da gastronomia: “voltaremos”.
Sim, voltaremos sempre que deixarmos as lições por fazer, pois não foi este o combinado. O correto seria reencarnar para aprender e corrigir os erros, mas eis que o livre arbítrio é algo muito interessante e diante de poderosa e ilustrada literatura, entramos no personagem e nos achamos “o cara da hora”.
...[pausa no texto] Acho que já escrevi sobre isso, afinal, é quase impossível lembrar frases construídas ao longo do tempo tendo como foco sempre a velha questão: nossa evolução interior. Em 75 colunas já publicadas aqui, torna-se difícil evitar repetições de pensamentos que se traduzem em palavras escritas pelo coração. Mas a pausa no texto não veio sozinha. Hoje é quarta e a manhã está cinzenta. Um ruído do lado de fora me distrai por alguns instantes. Para um desavisado poderia não ser coisa alguma, mas ao olhar para o céu gris, um pássaro faz uma revoada interessante, seguida de um solitário estender de asas, planando em círculo suave, antes de pousar no gigante pinheiro da GAP, evocando momentos distantes que a mim, pelo que sei e recordo, não pertenceram, ao menos nesta vida, mas que recém hoje sou capaz de entender toda poesia e magia viva de El condor pasa. Aqui não há espaço, mas no blog está a fotografia da ave pousada sobre o primeiro galho do pinheiro. Para alguns, nada de especial.
Outro dia nos encontramos, aqui ou em alguma outra dimensão. Fique bem.